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14/08/2020 às 11h53

Geral

Covid-19: Quando a linha de frente do cuidado adoece

Márcia Mey, da área de enfermagem, teve vários sintomas da Covid-19

Ela é técnica de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da maior emergência estadual, o Hospital Geral do Estado (HGE) e foi lá que ficou internada por 21 dias. Ele é médico anestesista na mesma unidade, passou mal no trabalho, sequer imaginava que desenvolvia a doença, mesmo sendo tão cauteloso na prevenção. Também da área de enfermagem, ela trabalha em dois hospitais e percebeu a doença ao cansar subindo a rampa de um deles.

Três histórias que relatam a vivência de muitos profissionais da saúde que estão na linha de frente da pandemia de Covid-19. Um misto de preocupação, cuidado e coragem, vividos durante os mais de cinco meses da doença em Alagoas. “Essa é uma doença muita agressiva, que quase me levou a morte”, contou Marize dos Santos. Assintomática, ela chegou a ter 80% do pulmão comprometido. Foi entubada no início de junho, três dias após sentir uma certa moleza, e, por 21 dias ficou na UTI onde trabalha, respirando com a ajuda de aparelhos. Perdeu 22 kg e ainda está internada em leito de enfermaria para total restabelecimento.

“Eu não tinha medo da doença. Cuidava dos meus pacientes como sempre o fiz, com todas as medidas de prevenção. Não sei onde fui infectada porque o vírus está em todo lugar. Mas fui alertada no hospital, por meus colegas, sobre uma moleza que vinha sentindo. Através da tomografia comprovaram como meu pulmão estava comprometido e já fiquei na UTI. O agravamento veio logo em seguida e, apesar de me afastar da família, senti muita segurança, pois conheço minha equipe de trabalho”, falou, emocionada a técnica de enfermagem.

Já o médico Fabiano Timbó descreveu que tudo começou em abril, com uma dor de cabeça que não passava. Como tem sinusite crônica, entrou numa linha de negação. “Durante uns três ou quatro dias eu só pensava que não seria Covid, que não era possível que aconteceria comigo e, só após sete dias e com orientação de colegas de trabalho resolvi procurar uma emergência e realizar uma tomograifa que comprovou o vidro fosco característico do novo coronavírus”.

Segundo ele, foi em quarentena que percebeu seu quadro de saúde se agravando. O anestesista precisou de uma ambulância para se dirigir a um hospital em segurança. ”Percebo na minha história uma sequência de milagres, desde a disponibilidade de oxigênio numa emergência cheia de pessoas na mesma situação até a vaga na UTI. Como médico, sempre técnico e direto nos cuidados, enxerguei a importância da sensibilidade na assistência. Eu observava a enfermagem, os médicos… ter Covid, entre outras coisas, alertou-me quanto a isso, nós médicos precisamos modificar nossa percepção ao cuidar de outros. Algo modificou em mim! Pensei que não resistiria à doença”, mencionou.

Timbó diz que os sintomas começaram com uma dor de cabeça que não passava

Doença solitária

Diferente dos seus colegas, Marcia Mey Rodrigues, também da área de enfermagem na UTI pediátrica do HGE e no Hospital Helvio Auto, percebeu uma maior variedade de sintomas. “Uma tosse seca no início de julho, os olhos apresentaram uma irritação, o corpo uma moleza com uma “quentura” diferenciada; diarreia e ausência de gosto e cheiro se apresentaram logo em seguida”, narrou.

A doença foi comprovada por exame e a profissional de saúde ficou em alerta em casa, em quarentena, mas foi ao subir uma escada que se preocupou e se dirigiu ao hospital. “Fiquei na UTI por nove dias. Não fui entubada, mas vivi momentos de muita angustia preocupada com a evolução da doença. O isolamento que a Covid gera ao paciente é terrível. Lembro de colegas chegando na janelinha, acenando e tentando me passar confiança. Ficamos muito fragilizados e são os profissionais de saúde, e só eles (nós!), que podem trazer confiança. Após a doença me sinto muito mais próxima às pessoas. Enxergo-as sob novo olhar”, referiu Marcia Mey.


Fonte: Ascom Sesau/AL

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