Por Carlos Amaral e Eliane Aquino
Em Alagoas, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), a saída dos cubanos do programa deixou em aberto 128 vagas, mas até o fechamento desta edição, somente 31 delas foram preenchidas. Quarenta e cinco municípios alagoanos receberam profissionais cubanos do Mais Médicos, de um total de 70 atendidos pelo programa.
Belo Monte e Jundiá são as cidades mais afetadas, pois 100% de seu atendimento dependia do programa. Outros 18 municípios alagoanos contavam com mais de 50% das suas equipes compostas por médicos cubanos, entre eles Água Branca, Belém, Cacimbinhas, Campestre, Pão de Açúcar e Piranhas.
Até o último dia 29, a situação do preenchimento das vagas deixadas pelos cubanos era essa:
Água Branca, três vagas, um médico se apresentou; Arapiraca, quatro vagas, ninguém se apresentou; Barra de Santo Antônio, duas vagas, sem apresentação; Belém, uma vaga, médico se apresentou; Belo Monte, três vagas, um médico se apresentou; Cacimbinhas, três vagas, ninguém se apresentou; Campestre, duas vagas, sem apresentação; Canapi, quatro vagas, uma apresentação; Chã Preta, três vagas, um se apresentou; Coité do Noia, uma vaga, sem apresentação; Colônia Leopoldina, três vagas, uma apresentação; Coruripe, duas vagas, ninguém se apresentou; Craíbas, duas vagas, uma apresentação; Dois Riachos, duas vagas, um médico se apresentou; Feliz Deserto, uma vaga, sem apresentação; Igreja Nova, sete vagas, quatro médicos se apresentaram; Inhapi, duas vagas, ninguém se apresentou; Jacuípe, duas vagas, sem apresentação; Joaquim Gomes, duas vagas, sem apresentação; Jundiá, duas vagas, um médico se apresentou; Maceió, duas vagas, duas apresentações; Maragogi, duas vagas, sem apresentação; Maravilha, três vagas, um médico se apresentou; Mata Grande, quatro vagas, um médico se apresentou; Matriz do Camaragibe, três vagas, ninguém se apresentou; Minador do Negrão, uma vaga, sem apresentação; Olho D'água das Flores, duas vagas, sem apresentação; Olho D'água do Casado, três vagas, sem apresentação; Olivença, duas vagas, ninguém se apresentou; Ouro Branco, três vagas, sem apresentação; Palestina, uma vaga, sem apresentação; Palmeira dos Índios, duas vagas, sem houve apresentação; Pão de Açúcar, sete vagas, dois médicos se apresentaram; Pariconha, uma vaga, sem apresentação; Penedo, sete vagas, um médico se apresentou; Piaçabuçu, duas vagas, sem apresentação; Piranhas, cinco vagas, sem apresentação; Porto de Pedras, uma vaga, sem apresentação; Santana do Ipanema, cinco vagas, um médico se apresentou; São Brás, duas vagas, sem apresentação; São José da Tapera, quatro vagas, sem apresentação; São Miguel dos Campos, duas vagas, dois médicos se apresentaram; Teotônio Vilela, duas vagas, sem apresentação, União dos Palmares, cinco vagas, três médicos se apresentaram.
Para a AMA, não será possível suprir a demanda a curto prazo
Para o presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Hugo Wanderley, a saída dos cubanos do Mais Médicos vai deixar a população desassistida por algum tempo. “Não será possível suprir essa demanda a curto e médio prazo, quem vai sofrer a população, principalmente dos municípios pobres e mais distantes dos grandes centros. Não será possível se suprir a demanda apenas com médicos brasileiros”, diz Hugo Wanderley, que é prefeito de Cacimbinhas.
Para ele, os médicos brasileiros podem substituir os cubanos à altura, mas falta efetivo para isso. O presidente da AMA também defende a criação de uma carreira médica no funcionalismo público. “O Mais Médicos não é apenas um programa de contratação de mão de obra, ele passa pela ampliação das vagas e cursos de medicina em faculdades e universidades entre outros mecanismos pra se ampliar o efetivo médico em nosso país. Também é fundamental que se crie uma carreira para o médico que trabalha no serviço público além de que se corrija os valores dos defasados repasses dos programas federais aos municípios que a muito tempo vem pagando essa conta”, afirma Hugo Wanderley.
A presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems), Izabelle Pereira, também destaca o problema do preenchimento das vagas deixadas em aberto pelos cubanos. Por meio de nota, ela reconhece o trabalho desenvolvido por eles. “Esses profissionais estavam em missão no Brasil e é sempre oportuno destacar a importância e a diferença que fizeram na melhoria da organização, do acesso e da qualificação da Atenção Básica nos municípios brasileiros nesses cinco anos do Programa”, ressalta. “A nossa preocupação é que os médicos cubanos já estão retornando aos seus países de origem e enquanto gestores da pasta temos o receio do não preenchimento a curto prazo das 127 vagas, considerando a dificuldade de provimento de profissionais médicos para as regiões de difícil acesso, principalmente nos municípios da zona rural”, completa a presidente do Cosems, também secretária de Saúde de Teotônio Vilela.
A reportagem da Painel Alagoas fez contato com Marcos Holanda, presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed), mas até o fechamento desta edição não houve resposta.
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Fonte: Painel Alagoas