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13/08/2018 às 08h01

Geral

José Maria Constant: “Vacina é a única arma contra doenças infecciosas”

Brasil registra queda na cobertura vacinal nos últimos dois anos e surgem surtos de sarampo no Norte e casos no RJ, MT e SP. Em Alagoas, há 19 anos não se registra nenhum caso da doença.

Ricardo Leal

Eliane Aquino

Quem pensava que sarampo era uma doença do passado, enganou-se. Este ano no Brasil, o Ministério da Saúde registrou dois surtos no Norte do país, um em Roraima, com 200 casos confirmados e dois óbitos, e outro no Amazonas, com 263 pessoas infectadas. No Rio Grande do Sul foram registrados sete casos, dois no Mato Grosso, um em São Paulo e há quatro no Rio de Janeiro em investigação. A causa é a falta de vacinação apontada de forma unânime por vários médicos especializados em infectologia. 

O sarampo era considerado erradicado nas Américas desde 2016, mas no ano passado chegou a registrar 775 casos, dos 173.330 no mundo, o que significa 400% de aumento comparado a dois anos atrás, segundo certificado emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A maioria dos casos aconteceu na Ucrânia, Romênia e Itália. O curioso é que não falta a vacina, falta, de um lado a acomodação da população, de outro, uma campanha ofensiva por parte do poder público, entendem alguns especialistas nessa área.

Em Alagoas, o sarampo está controlado pela vacinação e o último caso da doença registrado no estado é de 1999, informa o médico infectologista José Maria Constant. Ele também defende a tese de que o surto no Norte chegou com os venezuelanos infectados, mas só atacou os brasileiros que não foram vacinados. “A vacina imuniza”, assegura o médico, alertando que o sarampo é uma doença altamente contagiosa e mata. 

Para fugir do sarampo, é só ir a um posto de saúde e se vacinar, reforça o médico José Maria Constant, lembrando que apenas em dois casos há restrição à vacina: em grávidas e pessoas com imunidade baixa. Sobre possíveis efeitos colaterais, o médico garante que se houver são mínimos e não graves. “Grave é a doença, ela mata”, enfatiza, explicando que a imunização depende das duas doses da vacinação. 

Em sua opinião, com a ampla divulgação de que a doença está sob controle, de que não há registros de novos casos, a população acabou por se acomodar e esquecer a importância da vacina. Em Alagoas, o médico diz que a vacinação tem um grande aliado: o programa bolsa-família. “Há a obrigatoriedade do cartão de vacinação para os beneficiados no programa”, afirma José Maria Constant, mas se ressente de mais campanhas diretas junto à população por parte do poder público. 

Segundo o médico, o governo brasileiro tem apoiado e estimulado mais a pesquisa e a vacina a partir dos anos 80. “Temos um excelente programa nacional de vacinação, e não só com relação ao sarampo, mas contra poliomielite, caxumba, hepatite, difteria e gripe, entre outras”, acrescenta. “Veja só, estamos (em Alagoas) há seis anos sem nenhum caso de rubéola, o último caso de raiva humana registrado foi em 2006”, informa. “O que garante esse controle é a vacinação”, insiste, “é isso que consolida o não surgimento de novos casos”, reforça mais uma vez.

Há quem diga que a redução na cobertura vacinal no país e no mundo, nesses dois últimos anos, se deve a uma campanha antivacina. José Maria Constant, que lamenta o movimento, diz que o mais grave é que essa ideia foi criada e difundida por pessoas intelectualizadas. “Veja só, por que essas pessoas que não se vacinaram não pegam a doença? Porque há uma barreira em torno delas de pessoas vacinadas. Ou seja, não há contaminação já que, ao redor, o convívio é com quem toma as vacinas, mas isso não as livram do contágio onde tem ambiente infectado”, adverte o médico.

O Ministério da Saúde, que admite uma queda na cobertura da vacinação no Brasil, não acha que essa redução esteja ligada à campanha antivacina. “Em 2016, pontualmente, tivemos uma diminuição, mas não podemos dizer que é uma tendência. Isso só pode ser afirmado após uma queda de três ou quatro anos consecutivos”, justifica a Coordenação Nacional do Programa de Imunizações do órgão, creditando essa possibilidade à “crise econômica, que interfere no acesso das famílias aos postos de saúde em horários específicos, por exemplo”.

Globalmente, 85% das crianças foram vacinadas com a primeira dose da vacina contra o sarampo no primeiro ano de vida, através dos serviços de saúde de rotina e 67% com uma segunda dose, diz a OMS. Apesar disso, segundo o relatório, os níveis de cobertura permanecem bem aquém da cobertura de imunização contra o sarampo recomendada pela OMS, que é de pelo menos 95% para evitar surtos, mortes evitáveis e alcançar metas de eliminação regional. 

Quem é: José Maria Cavalcanti Constant, possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Alagoas (1967), títulos de especialista em Clínica Médica (2004) e Doenças Infecciosas e Parasitárias (1996) outorgado pelo Conselho Federal de Medicina. Ao longo de sua vida profissional atuou como médico e professor. Tem larga experiência na sua área, com ênfase em Doenças Infecciosas e Parasitárias e Clínica Médica. É aposentado e professor voluntário da Uncisal.

Para saber: sarampo tem contágio fácil, é uma doença altamente contagiosa, provocada por um vírus. A transmissão é similar à gripe: de pessoa para pessoa, por meio de tosse e secreções.

Sintomas comuns: irritação nos olhos, corrimento no nariz, manchas brancas na parte interna da bochecha e mal-estar, tosse persistente e manchas vermelhas na pele. Pode ocorrer: febre e convulsões, infecção nos ouvidos, conjuntivite, pneumonia, perda do apetite, diarreia. Em casos graves: lesão cerebral; infecções no encéfalo.

Vacina: está disponível o ano inteiro em todos os postos de saúde; adultos e crianças (acima de seis meses de vida) podem tomar; só a vacina previne com eficácia, diz o Ministério da Saúde.

O que é o movimento antivacina?

O movimento antivacina é uma campanha para que crianças não sejam vacinadas e possam combater as infecções de modo natural, evitando também os efeitos colaterais das vacinas. A maioria das pessoas envolvidas são pais com alto nível. 

De acordo com o movimento, o organismo humano deve gerar imunidade de forma natural, sem a intervenção de substâncias laboratoriais, ou seja, quando a criança se expor à infecção ela ficará doente, mas será capaz de combater o micro-organismo e a partir daí ser imune a ele. As vacinas enfraqueceriam essa habilidade natural e deixariam o organismo susceptível a outras doenças.

Outra grande questão defendida é que o calendário de vacinas estaria sendo influenciado pela indústria farmacêutica e promovendo um grande aumento no número de vacinas obrigatórias. Isso faz com que as crianças recebem inúmeras doses, antes mesmo que elas fossem adequadamente testadas, predispondo-as a sofrerem de efeitos colaterais e até desenvolverem outras doenças, como o autismo.


Fonte: Painel Alagoas

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