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15/10/2018 às 10h11

Cultura

Brigitte Bardot: o mito e a nostalgia em Saint Tropez

A diva do cinema e da moda, cuja beleza foi capaz de desbancar até Marilyn Monroe, mudou-se para a cidadezinha em 1958

Dora Nunes

Dora Nunes, de Saint Tropez

A cidade de Saint Tropez é o balneário mais famoso da Côte d'Azur, no Sudeste francês. Marcado pelo turismo de alto luxo e principalmente por ter conquistado a atriz Brigitte Bardot durante a filmagem de “E Deus Criou a Mulher”, em 1956, de Roger Vadim. A diva do cinema e da moda, cuja beleza foi capaz de desbancar até Marilyn Monroe, mudou-se para a cidadezinha em 1958 e trouxe consigo os olhos do mundo. BB, como ficou mundialmente conhecida, vive em sua propriedade nos arredores da cidade - a  “Ville La Madrague” - quase completamente isolada do mundo desde 1973, quando abandonou o cinema para tornar-se ativista dos direitos dos animais, “os únicos companheiros de vida que são sinceros”, teria declarado à época. 

Um pouco dessa história de amor da atriz com a cidade pode ser conhecida no Musée de la Gendarmerie et du cinéma, que dedica todo o segundo andar à sua moradora mais ilustre com uma mostra permanente que reúne cartas da atriz, fotografias, filmagens e até a reprodução do seu camarim em sets de filmagem. Ali se pode conferir o glamour com que vivia a estrela em lugares que marcaram o estilo bon-vivant de Saint-Tropez nos anos 60: clics e filmagens em charmosos cafés, clubes e praias deslumbrantes na com­panhia de celebridades como Jacques Charrier, Françoise Sagan, Roger Vadim e Eddie Barclay.

Também faz parte do acervo do La Gendarmerie, o busto de Marianne - a personificação dos valores de Liberdade, Igualdade e Fraternidade da República Francesa - ao qual a beleza de Brigitte Bardot deu forma e rosto. O busto foi esculpido pelo artista francês Alain Aslan, em 1969, com a atriz como modelo. Na praça diante ao museu foi instalado um “Monumento a Brigitte Bardot”, nome dado a uma estátua de bronze de 2,5 de altura e 700 kg inspirada em um desenho de BB feito pelo italiano Manara. A escultura é dos artesãos Liber Milian Garcia e Roberta Castellani e foi realizado na Fundição Mariani di Pietrasanta, em Lucca, na Itália. 

A inauguração da escultura marcou a passagem dos 83 anos da atriz em 2017. À época, BB surpreendeu ao permitir o direito do uso da sua imagem, proibido desde os anos 70, mas não participou do evento mesmo morando na cidade. Durante a inauguração, o atual marido da atriz, Bernard d’Ormale, leu uma mensagem escrita de proprio punho por BB, agradecendo aos moradores por lhe oferecer ''em vida esta magnífica estátua que imortaliza a mulher que Deus criou em Saint-Tropez'', escreveu.

“Sem os animais, eu teria me matado”

Antes de completar 40 anos, BB usou sua fama pessoal para dedicar-se exclusivamente ao ativismo em defesa dos animais, aos quais confere a sua sobrevivência emocional. Por três déca­das, Brigitte Bardot associou seu nome à fundação criada em 1986, com um capital de 3 milhões de francos conseguidos vendendo jóias e outros itens pessoais em leilões. Recentemente, BB anunciou em um jornal francês que renunciou a ser sepultada no túmulo de sua família quando morrer. Ela preferiu um lugar em frente ao mar, no parque da Ville La Madrague. No local, deverá ser contruído um museu-memorial cuja renda será revertida para a Fondation Brigitte-Bardot. 

O Museu

Inaugurado em junho de 2016, o La Gendarmerie funciona na antiga delegacia da cidade e divide-se entre a história real da delegacia e a história do cinema em Saint Tropez que nos anos 60 chamou a atenção do mundo do cinema com uma série de filmes sobre as vidas cômicas dos gendrames (policiais) na belissima cidade portuária. O prédio que abrigava a verdadeira gendarmaria de 1789-2003 tornou-se lendário nos filmes do diretor Jean Girault. Na primeira parte do museu tem a réplica de uma delegacia da década de 1960 e um cinema retrô inteiramente dedicado à história dos Gendarmes, além de uma simulação de estar percorrendo a bordo de um Simca Aronde ou um 2 CV, a famosa Nationale 7 - uma estrada nacional entre Paris e Itália, conhecida como a rota de férias. 

Na segunda parte do museu, peças em exposição permitem restaurar o espírito de uma era e sua estética  em reconstituições de salas de cinema e trechos de filmes, entrevistas de atores e a história de vários filmes rodados na península. Quatro temas estão presentes nos filmes feitos a partir do mito ou da realidade de Saint-Tropez: o balneário de férias; o cenário preservado; o espírito boêmio e um mundo de cultura e festa; e finalmente, as estrelas que ali desfilavam, com destaque para BB.

Brigitte Bardot e o Brasil

O símbolo sexual dos anos 60 também despertou interesse em uma belíssima cidade brasileira: Armação de Búzios,  no litoral do Rio de Janeiro. Em suas visitas ao Brasil em 64 e 65, BB se hospedou na pequena vila de pescadores em companhia de um namorado marroquino-brasileiro, Bob Zaguri, para fugir da imprensa. Búzios ganhou fama nacional e internacional. Ali, a diva dos anos 50 e 60 também foi eternizada. A prefeitura local criou a “Orla Bardot” e em 1999 inaugurou uma estátua de bronze, em tamanho natural, inspirada na foto de Denis Albanese e esculpida pela artista Christina Motta. A prefeitura da cidade ainda concedeu à atriz um título de cidadã honorária e um terreno na Praia de João Fernandes, mas a estrela jamais veio receber os presentes. No entanto, em sua biografia, BB teria registrado que os períodos passados na região foram as épocas mais lindas de sua vida.


Fonte: Painel Alagoas

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