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04/06/2018 às 09h11

Cultura

Frida Kahlo: a realidade por trás do mito

A trajetória de Frida Kahlo, recontada em uma exposição-evento que derruba mitos sobre um ícone feminino que se perpetuou no tempo

Os apaixonados pela revolucionária artista mexicana Frida Kahlo podem apreciar uma inédita retrospectiva de sua vida e obra, no Museu da Cultura - MUDEC, em Milão.  Denominada “Além do Mito”, a mostra faz parte das comemorações dos 100 anos do nascimento da artista e traz mais de 150 documentos - muitos dos quais inéditos - entre fotografias, quadros, desenhos e cartas, que também pela primeira vez são apresentadas ao público em uma única exposição.  As obras são provenientes do Museu Dolores Olmedo, na Cidade do México, e da Jacques e Natasha Gelman Collection, consideradas as duas coleções mais completas sobre a artista. E ainda conta com obras espalhadas por várias partes do mundo e nunca vistas em terras italianas.

A Casa Azul

A exposição revela o impressionante “arquivo da Casa Azul”, onde Frida viveu com o marido, o pintor Diego Rivera. Em 1954, após a morte de Frida, Rivera exigiu 15 anos de segredo para os pertences do casal, mas morreu três anos depois e deixou Dolores Olmedo, uma colecionadora de arte, como administradora de seu acervo. Olmedo, por sua vez, recusou-se a dar acesso às peças até para o Museu Frida Kahlo. Só em 2004, após a morte da colecionadora, os objetos foram desbloqueados e formaram a exposição sobre as roupas e pertences de Frida.

Como resultado dos anos de estudo sobre o novo material e testemunhos, o curador da exposição, Diego Sileo, tenta delinear uma trama inédita ao redor da figura de Frida Kahlo. Não só exaltando a artista, que retrata em suas telas imagens fantásticas e contundentes referências autobiográficas, mas a natureza de uma obra capaz de produzir imagens além do mundo real. A mostra é dividida em qua­tro sessões: a mulher ARTISTA, a TERRA (México), o ativismo político e a dor. 

Na primeira sessão, a feminilidade de Frida é explorada em diversos autorretratos, em suas primeiras pinturas e em muitas fotos do arquivo pessoal; a segunda sessão, mostra a sua “mexicaneidade”, a estreita ligação com sua terra natal para onde sempre retornou. O terceiro tema é o ativismo político: Frida se definia como filha da revolução mexicana e, finalmente, o quarto tema: o sofrimento pelo qual passou a artista, mostrado em suas obras e em fotos dos diversos coletes ortopédicos e das próteses usadas ao longo de sua vida, depois do trágico acidente de ônibus sofrido ainda na adolescência. 

Cronologia

6/7/1907 – Nasce Magdalena Carmen Frida Kahlo Calderón, em Coyoacán, Cidade do México. Terceira filha de Matilde Calderon com o fotógrafo alemão Guillermo Kahlo.

1913 – Frida é diagnosticada com poliomielite que compromete uma das pernas.

1922 – Inicia seus estudos na escola nacional Preparatória. Neste ano, junto com o grupo de amigos que se autodenomina “ los cachuchas” - do qual participava Alejando Arias, seu primeiro amor - observa Diego Rivera pintar o mural “A criação”. 

1925 – Em 17 de setembro sofre um terrível acidente no ônibus em que estava junto com Alejandro Arias. No acidente, Frida fraturou a coluna vertebral em três pontos: região lombar, fêmur e costelas, além de 11 fraturas na perna esquerda, pé direito esmagado, luxações no lado esquerdo das costas e ruptura do osso pélvico em três lugares, quando o corrimão do ônibus entrou pelo lado esquerdo e saiu pela vagina.

 1926 – Em consequência do acidente, ela precisou colocar uma prótese na perna direita e usa um colete para sustentar a coluna vertebral. 

1928 – Entra para o Partido Comunista. 

1929 – Casa-se com Diego Rivera, ela com 22 anos e ele com 43. 

1930 – Frida se transfere para os EUA com Diego, onde permanecem por 4 anos. Sofre 3 abortos. 

 1935 –Diego trai Frida com sua irmã Cristina Kahlo. Profundamente ferida, Frida abandona a casa onde viviam juntos.  Depois de alguns meses, volta sozinha a Nova Iorque. No fim do mesmo ano volta para casa e para Diego, mas começa também a se relacionar com outros homens. Nos últimos anos de vida, manteve também relações com mulheres. 

Em 1937 – Relaciona-se com Lev Trotzkij, amigo de Diego.  O romance durou quase um ano e era recém terminado quando Rivera o descobriu. Um caso com o amigo e ídolo político do marido teria sido a retaliação perfeita para a traição de Rivera com sua irmã Cristina. 

1938 - Volta aos EUA para sua pri­meira exposição na Galeria de Julien Levy, em Nova Iorque. A exposição foi um sucesso. 

1939 – Expõe também em Paris. Na capital francesa, conhece e frequenta nomes como Kandinskij, Duchamp, Picasso e muitos outros artistas. Naquele ano, Diego pede o divórcio. Frida sofre muito com a separação e por desespero entrega-se à bebida e ao trabalho.

1940 – Volta a São Francisco para um tratamento com o médico Leo Eloesser, seu amigo.  Diego, que estava na cidade, propõe novamente casamento a Frida. Ela aceita, mas impõe algumas condições: não aceitaria mais dinheiro dele e não haveria mais contato sexual entre os dois. Em 8 de dezembro, aniversário de Rivera, em São Francisco, eles se casam pela segunda vez.

1941 – O casal volta ao México. Frida era agora diferente, independente sexual e financeiramente e uma pintora famosa. Voltam os problemas de saúde. 

1944 – Por causa das dores nas cos­tas e no pé direito, deve permanecer em repouso absoluto e usar um colete de aço.

1946 – Depois de fazer mais uma cirurgia fracassada para reforçar a coluna, com um especialista de Nova Iorque, Frida retorna ao México. As dores voltam e ela entra em depressão profunda.

1950 – Seu estado de saúde se agrava e é submetida a sete operações na coluna vertebral.

1953 – De 3 a 27 de abril acontece a sua única exposição pessoal no México, na Galeria de Arte Contemporânea Dolores Alves Bravo. Em 27 de julho, ela amputa a perna direita. Depois da operação não quer ver mais ninguém, nem mesmo Diego. Começa a usar uma prótese.

1954 – Foi encontrada morta na Casa Azul, em 13 de julho, com 47 anos. Oficialmente por embolia pulmonar, mas nunca foi totalmente excluída a hipótese de suicídio.

Serviço

Até 3 de junho, no Mudec – Museo della Cultura, em Milão. 

Endereço: Via Tortona 56 

Preços: De 3€ até 13€. 


Fonte: Dora Nunes, direto de Milão

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