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04/06/2018 às 09h08

Cultura

Complexo Cultural Teatro Deodoro, uma fábrica de sonhos

Arte e Cultura como inclusão social

Espetáculo A Terra dos Diamantes, nos 107 anos do Teatro Deodoro, apresentado pelos alunos do projeto Ballet a Serviço da Educação

Maria Dinah, 12 anos de idade, estu­dante de escola pública e moradora da pe­riferia de Maceió, costuma ajudar a mãe, Fran­­cisca Antônia dos Santos, e sua avó, Do­na Maria das Neves, a limpar o sururu ca­­ta­do na lagoa para vender no Mercado da Produção. É uma menina alegre, sor­ri­den­te, aos domingos assiste o culto em uma igre­ja evangélica no Vergel do Lago, perto de casa, e guarda consigo o sonho de ser bailarina. 

Há cerca de dois meses, levada pela irmã mais velha, Laura Sofia, Dinah co­nheceu a Sala de Dança do Complexo Cul­tural Teatro Deodoro, no Centro de Ma­ceió, e, emocionada, viu alunos do Projeto Ballet a serviço da Educação, uma par­ceria entre a Diretoria de Teatros do Esta­do de Alagoas (Diteal) e a bailarina, coreó­grafa e professora Maria Emília Clark, tendo uma das aulas que acontecem to­das as sextas e sábados.

Inaugurado em 16 de dezembro de 2014, ainda no Governo Teotonio Vilela, o Complexo Cultural Teatro Deodoro nasceu com o propósito de acolher projetos de inclusão social e estimular a arte e a cul­tura. Diretora-presidente do Diteal, Sheila Maluf, diz que o local disponibiliza para os alagoanos um espaço com galeria de arte e estrutura para cursos de música, dança, teatro e cenotécnica, e funciona de do­mingo a domingo e também aos feriados. “É um centro de cultura”, define.

É um prédio imponente, com terraço panorâmico e fachada em vidro, permitindo a visualização das obras por quem pas­sa em frente ao local. O espaço mantém um calendário intenso de atividades com exposições artísticas, apresentações cul­turais, ensaios e reuniões de grupos ar­tísticos alagoanos. Atualmente, está em cartaz a Nonada, que segue em exposição até o próximo dia 30 de junho. “São cerca de 60 desenhos os feitos à mão com car­vão, grafite, giz, pigmentos secos, argila, pólvora, papel e lixa em um papel sim­ples”, informa Sheila.

A mostra, sob a curadoria do pro­fes­sor Fernando Pessoa, da Universidade Fe­de­ral do Espírito Santo, foi selecionada por meio de edital e surgiu a partir da lei­tura de uma série de obras, como Grande Ser­tão Veredas. A dirigente da Diteal ex­plica que a palavra Nonada é recorrente no ro­mance de Guimarães Rosa, e tam­bém em Os Sertões, O Quinze, A Pedra do Reino, e vá­rios autores nordestinos, “cha­mando a aten­ção pela técnica, temática e desenhos”. 

NA ORIGEM

Ao assumir a Diteal desde o primeiro dia do governo Renan Filho, Sheila Maluf praticamente construiu a vida administrativa e cultural do Complexo e nesses últi­mos três anos vem garantindo o aumento de público no local. “De 2015 a 2017, crescemos em público de 10 mil para 16 mil”, afirma, responsável por transformar a sala de música em mais um palco para apresentação de espetáculos.

E, sim. Há expectadores de toda or­dem e classe social, em atrações gratuitas e de ingressos com descontos, não só no Complexo, mas também nos teatros que Sheila administra, o Deodoro e o de Arena Sérgio Cardoso. “Investimos na tecnologia, é só baixar o site da Diteal e está lá todo o informativo sobre as ações dos nossos equipamentos”, conta a diretora, lembrando que na maioria dos espetáculos há sempre ingressos disponibilizados para os alunos da rede pública estadual. “Fazemos cultura para todos”, reforça.

Francisca Antônia, incentivada pela filha Laura, já procurou informações e vai matricular Dinah nas aulas de ballet de Emília Clark no Complexo Cultural Teatro Deodoro. “Se esse é o caminho dela, farei tudo para que minha filha o siga e seja feliz”, disse a marisqueira. Dinah não se aguenta de felicidade: “vou ser bailarina, vou dançar em um palco”, festeja. A avó, Maria das Neves, enche os olhos de lá­grimas. “Vou ver minha neta vestida de bailarina, brilhando no teatro”, promete, assegurando que até promessa a “Virgem Maria” ela já fez, para que as netas realizem seus sonhos. O de Laura, é ter­minar os estudos e entrar em uma facul­dade. O curso? Ela ainda não definiu, mas nos falou que é na área da saúde.

Quem é: Sheila Maluf possui gra­duação em Licenciatura em Educação Artística pela Fundação Armando Álvares Penteado (1978), mestrado em Artes pela Universidade de São Paulo (1991) e doutorado em Artes pela Universidade de São Paulo (1997). É professora aposentada como associado 02 da Universidade Federal de Alagoas. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Teatro Edu­cação e Literatura Dramática, atuando principalmente nos seguintes temas: artes cênicas, educação, arte-educação, lite­ratura dramática e literatura. Desde 2004, coordena eventos culturais de grande por­te. Possui diversos artigos publicados no Brasil e no Exterior. Dirigiu a Editora da Universidade Federal de Alagoas de 2003 a 2012, produzindo 564 títulos. Foi dire­tora de eventos da ABEU - Associação Bra­sileira das Editoras Universitárias (gestão 2005-2007 e 2007- 2009), diretora da Região Nordeste da ABEU (gestão 2009-2011) e vice-presidente (gestão 2011-2013) da mesma Associação. Fez parte do Comitê científico do SciELO Livros. Foi diretora de relações institucionais da LIBRE (Liga Brasileira de Editoras) por duas gestões. Desde fevereiro de 2015, é diretora presidente da DITEAL, Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas. É sócia-diretora da Livraria e Editora VIVA , com produção atual de 100 títulos, perfazendo um total de mais de 650 publicações sob sua coordenação editorial.

Serviço:

Inscrições para o 4º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Alagoas - SACA - Inscrições abertas até o dia 15/07. A ficha de inscrição e edital estão disponíveis pelos sites www.diteal.al.gov.br e www.cultura.al.gov.br. As inscrições são gratuitas, as propostas podem ser enviadas pelos correios, en­tre­gues pessoalmente na recepção do Complexo Cultural Teatro Deodoro ou por e-mail para o endereço trendart2018­@gmail.com. Cada artista pode enviar até dois trabalhos.

Podem ser inscritos trabalhos nas ca­te­gorias fotografia de arte, pintura, escul­tura, vídeo arte, instalação, grafite, dese­nho e design. Para participar, os interessados devem atender a algumas exigências como, por exemplo, ter a partir de 18 anos e participação em, no mínimo, três exposições individuais ou coletivas, além de preencher a ficha de inscrição e enviar a documentação exigida no edital.

O resultado está previsto para ser divulgado a partir de 10/08.  Serão sele­cionadas 25 obras de 25 artistas inscritos e mais 15 trabalhos de artistas convidados. O 4º Saca vai ser aberto no dia 04/09 e fica até 30/10, na galeria de arte do Complexo Cultural Teatro Deodoro.

Quartas Eruditas - O projeto Quartas Eruditas existe há quatro anos por meio de uma parceria entre a Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas, Diteal, e o Instituto de Cultura Ero Dictus com o objetivo de promover a música de concerto, reafirmar o compromisso da arte com a educação e formar plateias. As apresentações ocorrem sempre na última quarta-feira do mês. Este ano, estão previstos oito concertos.

Com coordenação artística e regência de Max Carvalho, coordenação instrumental de Elieser Cassimiro e vocal de Douglas Nascimento, a camerata traz sempre um novo repertório a cada apresentação. Recebemos uma média de 300 alunos por concerto.

Aulas de Ballet - Todas as sextas e sábados, a sala de dança recebe os alunos do projeto Ballet a Serviço da Educação, uma parceria entre a Diteal e a bailarina, coreógrafa e professora Maria Emília Clark. Foi feita uma seleção de alunos da rede pública de ensino com idades entre 8 e 18 anos. O objetivo é formar cidadãos e, consequentemente, formar também bailarinos. A gente sempre promove um espetáculo como uma forma de mostrar o resultado anual do projeto. No ano pas­sado, a apresentação ocorreu na programação de aniversário dos 107 anos do Teatro Deodoro.

Ensaios de grupos: Orquestra Filarmônica – às segundas, quartas e sextas, das 14h20 às 17h30. 

Camerata Ero Dictus – às segundas e quartas, das 18h às 20h. Apresentação de espetáculos:  a sala de música do Complexo Cultural Teatro Deodoro se tornou também mais um palco para apresentação de espetáculos. 

Clube do Jazz - Os ensaios abertos do Clube do Jazz ocorrem quinzenalmente, sempre às quintas-feiras. O fundador do grupo, músico Felix Baigon, grande incentivador do jazz em Alagoas, conta que o clube compartilha repertório, materiais de estudo, áudios, partituras e que são momentos muito produtivos para os participantes. O grupo também realiza eventos como oficinas e apresentações, a exemplo das noites de jazz, no Rex Bar, no Jaraguá.

Entre os músicos que participam, estão Jarlandson Araújo (bateria), Ada­mour dos Santos Silva e Jiuliano Gomes (teclado), Félix Baigon (con­trabaixo), Jail­son Britto (saxofone), Enife Costa e Beto Fer­reira (trompete), Rony Ferreira (trom­bone) e Ge­ferson Cristino (sax tenor). Eles apre­sentam clássicos do jazz e da bossa nova nos encontros que têm como ob­je­tivo promover e fortalecer o jazz em Ala­goas, além de contribuir com a formação de novos músicos e de plateia e facilitar o acesso da população à boa música.


Fonte: Eliane Aquino

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