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02/11/2018 às 12h04

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A fraqueza de Moro


Para refletir:

"Parece ser claro que houve perda total de imparcialidade com a cogitação pública de exercer um dos principais cargos de confiança de quem chegou a pregar a eliminação dos petralhas´".


A fraqueza de Moro

(BRASÍLIA) - Ao analisar o anúncio do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de que convidaria  Sergio Moro para ocupar o Ministério da Justiça ou uma vaga futura no Supremo Tribunal Federal imaginei logo: -  o juiz da Lava Jato , pela postura que tem mostrado ao país nesses anos de intenso combate à corrupção, certamente declinará da primeira oferta, fará seus agradecimentos “pela lembrança” e deixará em aberto o caminho que o levaria ao STF em 2020, na vaga do ministro Celso de Mello.

No entanto a sofreguidão com que o juiz federal Sergio Moro atendeu ao chamado do presidente eleito, poucas horas após o fechamento das urnas, espantou até mesmo os observadores mais atentos da trajetória do magistrado.

Logo após o anúncio pela imprensa o juiz disse que se considerava honrado pela lembrança e imediatamente passou a dar sinais de entusiasmo pela ideia.

Os movimentos surpreendem porque contrariam a reputação que o magistrado construiu com zelo nos quatro anos em que conduziu os processos da Lava Jato.

“Sai de cena o profissional sóbrio que aplicou a lei com rigor e mandou para a prisão os figurões que se associaram para saquear os cofres públicos. Sobe ao palco o juiz inebriado pela adoração popular e pela chance de entrar na política”. (Editorial da Folha de São Paulo de ontem).

Qualquer que seja o desfecho da conversa com Bolsonaro, Moro comprometeu sua independência como magistrado de maneira irremediável ao dar passos tão resolutos na direção do novo governo.

Lava Jato ferida de morte

Se sua escolha for confirmada pelo presidente eleito, ele perderá, claro, o distanciamento necessário para seguir na Lava Jato.

Basta imaginar o que poderá acontecer no próximo dia 14, data marcada pelo próprio juiz para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja ouvido em uma das ações em que é réu no Paraná.

Preso em Curitiba, o líder petista tornou-se inelegível depois que sua condenação por Moro, em outro caso, foi confirmada pelo tribunal de segunda instância.

O PT ganharia argumentos, nesse cenário, para alimentar a versão fantasiosa, levada à opinião pública e a instituições internacionais, de que Lula se viu condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro sem provas, devido a mera perseguição política.

Mesmo que o magistrado não se mude para Brasília, o flerte com Bolsonaro põe em dúvida sua isenção e estimulará pedidos para que tribunais superiores revisem suas sentenças com olhar crítico.

Decerto que constitui prerrogativa do presidente formar sua equipe como achar melhor, e Moro pode estar imbuído das mais nobres intenções ao atender a seu convite. O dano para a credibilidade da Lava Jato, porém, pode ser irreversível.


Toga fraudada 

Em entrevista ao Jornal da CBN o ex-ministro e terceiro colocado na disputa presidencial deste ano, Ciro Gomes, comentou sobre a possível entrada do juiz federal Sérgio Moro no primeiro escalão do governo Jair Bolsonaro. Ele foi irônico ao ser questionado sobre a possível vaga no Ministério da Justiça: “Sérgio Moro devia aceitar logo porque ele não é um juiz, ele é um político que tem fraudado sua toga com intrusões na política”.


Vitória de Rui Palmeira

Há um diferencial imenso entre o prefeito da capital, Rui Palmeira e o governador Renan Filho e isso não é novidade para ninguém de bom senso. Nada combinam em perfis políticos, em maneira de administrar, no compromisso com a verdade e até no caráter. Ambos seguem a “escola de vida” que tiveram, o sentido de ética pública que cada um adotou e muito os exemplos dos pais.

O governador saiu-se vitorioso numa eleição em que não teve concorrente para medir o seu prestigio e sua força. Foi na verdade uma “vitória de pirro” e parte para a decantada maldição do segundo governo, o que certamente acontecerá a seguir.

Rui Palmeira responsavelmente optou por seguir em frente governando Maceió , abdicando de uma candidatura sólida , despojou-se de vaidades e terá um mandato aprovado e aplaudido pelo povo ao final de sua gestão.

Esta semana tem mais uma vitória para computar em sua pauta vitoriosa com a aprovação da autorização para a prefeitura contrair empréstimo no valor de 70 milhões de dólares para investimentos em obras de infraestrutura e saneamento.

A vitória se torna muito mais emblemática quando vence setores da maldade que tentaram atrapalhar e tudo fizeram para prejudicar o processo, causando enorme prejuízo ao povo maceioense, Os que tentaram atrapalhar: Governo do Estado, Tribunal de Contas, senador Renan Calheiros e Assembleia Legislativa.


Palmeira sem Festa 

Não foi fácil sair a I Festa Literária de Palmeira dos Índios. Por não nutrir nenhuma convivência com o assunto o prefeito Júlio Cezar resistia à ideia talvez por não considerar importante para sua gestão repleta de “alegorias” multimídias. Foi pressionado por um grupo de intelectuais da terra entre os quais a secretária de Cultura, Isvânia Marques e o jornalista Vladimir Barros, indiquei o maior especialista em programas culturais de Alagoas, escritor Carlito Lima, para ser seu curador e a festa acabou saindo. A partir do anúncio da Festa Literária o prefeito, como sempre aproveitador, faturou a oportunidade e lançou a cidade como “Capital Alagoana da Cultura” e prometia uma efervescência no setor, buscando criar um polo de referência para impulsionar o turismo local. Mais uma vez por não conviver com a “ciência cultural” preferiu gastar muito dinheiro com cachês milionários e eventos bregas ou contratações de “padres cantores”, colidindo frontalmente com princípios plantados pelo prefeito famoso, Graciliano Ramos, que ele tentou pateticamente imitar sem sucesso.

Este ano não haverá a Festa Cultural e a cidade de Arapiraca aproveita o vácuo e faz a sua primeira, subindo ao pódio de Capital Alagoana da Cultura. Pobre Palmeira dos Índios das escolhas equivocadas.

 





 


Pedro Oliveira por Pedro Oliveira

Jornalista e escritor. Articulista político dos jornais " Extra" e " Tribuna do Sertão". Pós graduado em Ciências Políticas pela UnB. É presidente do Instituto Cidadão,  membro da União Brasileira de Escritores e da Academia Palmeirense de Letras.

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