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21/05/2018 às 08h23

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Collor: o fenômeno que assusta

Arquivo/Agência Brasil


Para refletir: “Quem vai me devolver o que me foi tomado?” (Senador Fernando Collor após absolvição pelo STF)


Collor: o fenômeno que assusta

(BRASÍLIA) - O senador Fernando Collor, apesar dos pesares, vive um momento de comemorar vitórias na sua conturbada carreira política, cheia de altos e baixos, mas sempre recheada de surpresas que o beneficiam e o aproximam do eleitorado.

Em relação a ação penal  que discutia a autoria e materialidade relativas aos supostos crimes de falsidade ideológica, peculato e corrupção passiva, que teriam sido cometidos quando era presidente da República teve absolvição  pelo Supremo Tribunal Federal, mais de vinte anos após a denúncia. As acusações do Ministério Público e as provas foram consideradas inconsistentes.

As ações oriundas da Operação Lava Jato, nas quais há suposto envolvimento de Collor, vão paulatinamente sendo descartadas no STF, a exemplo do que ocorreu recentemente quando o ministro Edson Fachin, arquivou inquérito instaurado contra ele, que apurava acusações do ex-diretor da área internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, que apontou envolvimento de Collor em esquema de corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro relacionado à BR Distribuidora.


Angústia, padecimento e absolvição

Quando saiu o resultado de sua absolvição do caso que levou a seu impeachment eu estava em Brasília, no Congresso Nacional e assisti quando Fernando Collor na tribuna do Senado comemorando com um  contundente discurso, a vitória no STF por acusações à época em que era presidente, e emocionado perguntar: "quem vai me devolver o que me foi tomado?".

Citou que a "angústia" e o "padecimento" por 22 anos que acabaram na declaração de inocência pelos ministros, no processo em que era acusado de chefiar um esquema receber propina.

"Após mais de duas décadas de expectativa e inquietações, de injustiças, quem poderá me devolver agora tudo que perdi? Quem poderá me devolver? A começar pelo meu mandato e o compromisso público que assumi a tranquilidade perdida, a retratação proporcional, a injustiça  vitimado sem dolo e responsabilidade por atos inventados".

Collor ressaltou que foi investigado em mais de 50 processos no Supremo. "O que nos resta agora é refletir, em que pese ter sido o homem público mais investigado do país. Fui absolvido de todas, absolutamente todas. Estou inocentados de todas a delações, repito: inocentados de todas as delações! A ninguém mais dado o direito de dizer o contrário ou fazer meras ilações", afirmou o senador.


Um colecionador de vitórias

Fernando Collor tem obtido conquistas emblemáticas na conturbada política de Alagoas. Possuidor de um carisma muito grande, com amplo poder de comunicação, principalmente nas camadas mais pobres, evidencia sua força eleitoral à medida que surpreendeu em pleitos passados. Desde sua guinada magistral saindo de um pequenino estado do Nordeste e conquistando a Presidência de República, ao construir uma candidatura vencedora para o Senado, derrotando Ronaldo Lessa, recém-saído do cargo e que já “cantava vitória”. Em 28 dias de campanha destruiu com competência a fragilidade do opositor, construiu alianças com prefeitos e lideranças políticas que haviam sido negligenciados e até desprezados por um governador inábil e arrogante.


2006 a história das eleições

Em meu livro “Brasil 2006-A História das Eleições” (págs. 63/64) conto em um capítulo detalhes da campanha vitoriosa de Collor ao Senado – “O ex-presidente Fernando Collor de Mello voltou à política e elegeu-se senador pelo PRTB em Alagoas. Ele derrotou o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) e assumiu a cadeira que pertenceu à senadora Heloisa Helena (PSOL), que concorreu à Presidência. Favorito em todas as pesquisas o ex-governador Ronaldo Lessa tinha como certa sua eleição para o Senado, porém uma decisão do Tribunal Eleitoral de Alagoas, ratificada pelo TSE, o colocava em situação difícil, ficando durante toda a campanha sub judice quanto ao impedimento de sua candidatura. Tirando esse principal adversário restava a candidatura insignificante do deputado José Thomaz Nonô”.

Ainda no livro destaco algumas falas de Color que ganharam repercussão nacional;

“Aqui está o homem que aprendeu com erros cometidos. Não digo que cometi erros Cometi. Mas nenhum dos erros que me acusaram meus inquisidores. Aqueles que, tempos depois, foram alcançados pelo braço longo da lei, trancafiados e expulsos porque estavam assaltando os cofres”.


Um mandato de destaque

O senador Fernando Collor de Mello desde sua posse tem sido alvo de várias denúncias e até mesmo “perseguição” da grande imprensa nacional. Chegou a processar alguns veículos e obteve vitórias no Judiciário. É de seu comportamento não deixar nada sem resposta e até confrontar com ataques violentos jornalistas, jornais e revistas que o acusam, muitas vezes sem provas.

É inegavelmente um dos parlamentares de maior visibilidade nacional, pela relevância do cargo que ocupou (Presidente da República) e também por sua atuação efetiva no plenário e nas Comissões do Senado onde preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional e integra a cúpula de vários grupos de Trabalho do Congresso Nacional, além de presidir importantes delegações do Senado junto a países estrangeiros em missões de estudo e intercâmbio diplomático.


Para onde vai Fernando Collor?

O senador Fernando Collor recentemente anunciou sua pré-candidatura ao cargo de presidente da República, porém a notícia não teve a repercussão que se esperava e sua posição nas pesquisas indicam que não tem nenhuma chance de vitória (pelo menos por enquanto). Com relação às eleições em Alagoas tem se mantido enigmático e silencioso publicamente. Porém não está ausente de negociações e composições eleitorais. Fontes do seu entorno me confidenciaram que numa rápida passagem por Maceió, no último sábado, demorou sete horas ininterruptas recebendo lideranças politicas e claro que o tema eleições foi a pauta.

Convocou para esta sexta feira aliados amigos e apoiadores para um encontro em Maceió sem divulgar a motivação. Há grande expectativa diante da possibilidade da revelação de “bomba” que seria sua candidatura a governador, ou mesmo simplesmente seu apoio a um dos grupos políticos que vão para o confronto. (É bom lembrar que Collor mantem estreita relação com o governo do Estado e também com o prefeito de Maceió, mantendo algumas de suas indicações nas duas áreas).

É hoje o politico com a mais confortável posição eleitoral no pleito que se avizinha. Nada tem a perder. Tem duas alternativas e vai revelar uma delas. Pode ao seu estilo, anunciar uma candidatura ao governo e tirar o sono do principal inquilino do Palácio Zumbi dos Palmares e sua “entourage”. Ou optar por um lado o que representa um reforço de peso na candidatura escolhida.

O que virá de Collor, só Collor sabe.  


Pedro Oliveira por Pedro Oliveira

Jornalista e escritor. Articulista político dos jornais " Extra" e " Tribuna do Sertão". Pós graduado em Ciências Políticas pela UnB. É presidente do Instituto Cidadão,  membro da União Brasileira de Escritores e da Academia Palmeirense de Letras.

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