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13/11/2013 às 22h19

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A seca, o canal e o macaco-prego

 
* Sílvio Sapucaia
 
Assistia ao “Globo Repórter”, pela televisão, sob o comando de Sérgio Chapelin, cujo tema principal versava sobre a invasão nas cidades, pelos animais selvagens, na busca por alimentos. 
 
O macaco-prego, tal qual uma ave de rapina, se destacava por sua vilania e esperteza: invadia casas e apartamentos, mesmo que portas e janelas estivessem sob a proteção de telas. Roubava frutas sob os olhares estupefatos dos moradores. A sua peraltice e exibicionismo diante das câmeras, levava-nos a crer que até ele parecia saber que estava sendo filmado. Era o mais engraçado!
 
Na poltrona, refestelado em meu modesto tugúrio, no intervalo do programa televisivo, estendi o braço, resolvido alcançar e folhear o jornal de Maceió, a Tribuna Independente. Ao ver o jornal, rí da coincidência: naquela mesma sexta feira, eu me deparei com um artigo intitulado “A Seca, o Canal e o macaco esperto”.
 
Quando Teotônio Vilela Filho, governador de Alagoas, falou em “Canal do Sertão”, não pude esconder a ojeriza e o frenesi que o tema me causava. Pensei comigo: “mais um político com demagogia –foram tantos– para se eleger e nunca fazem nada. Perdi a esperança”.  Nada mais equivocado! Eu me enganei. 
 
Havia esquecido que a tendência natural do filho, seria sempre acompanhar o ideal e os costumes do pai. O governador era filho do velho Teotônio Vilela, dono do Projeto Brasil. Menestrel da democracia, da paz e da esperança. Aquele sobre quem o poeta, não sabendo descrevê-lo e desconhecendo a origem daquela sua força, suscitou dúvidas a seu respeito: “quem é esse?”
 
 “De quem essa ira santa? Quem é esse peregrino que caminha sem parar? Quem é esse meu poeta que ninguém pode calar? Quem é esse?”
 
Mas, era “O senador” como se não existisse um senado. O carrasco da ditadura militar e o peregrino da democracia.  Valente e destemido. O orador de nomeada, tal qual foi “Hortensius”, todavia, não se pode comparar a atuação desse político de Roma, à atuação do senador alagoano.
 
Teotônio Vilela foi um poeta lírico, até no exercício do mandato, ao discursar no senado, em defesa dos sertanejos da “seca terrível”, com grande observação psicológica, arrematou:
“Haverá sonho mais bonito do que sonhar do alto da ponte majestosa, do alto da ponte da unidade nacional, que aquela água que passa lá em baixo vai ser do sertanejo, vai correr na bica de sua casa e no rego de barro de sua roça? O homem pode passar sem luz elétrica, e a luz existe. O homem pode passar sem ponte, e a ponte existe. Mas o homem não pode passar sem a água. E a água está ali, virgem e oferecida, pronta a dar-se ao mais belo e humano projeto desse país, que seria o da fixação das comunidades sertanejas no seu próprio habitat.  Imagino canais cortando o agreste e o sertão. Imagino o sertão em flor, sem mais pesadelos” .
 
O Canal do Sertão é uma realidade palpável que está deixando atônitos os “príncipes da demagogia” que nada fazem, mas que agora precisam enganar o sertanejo para lograr êxito em pleitos eleitorais. É tarde demais, mormente para aqueles que nada fizeram pelo nosso combalido Estado, quando tiveram a oportunidade de fazê-lo. 
 
Mas, o próprio governador admite que falta muito a fazer. O Estado de Alagoas estava aos flagelos, em todos os setores, mas, ninguém consegue agradar a todos. Parafraseando Abrahão Lincoln: “Não tente fazer o que nem Jesus Cristo conseguiu: agradar a todos”. 
 
A presidente Dilma Rousseff, com esteio na seriedade do governo de Alagoas, creditou toda sua confiança ao canalizar mais recursos para o canal do sertão que, por extensão, vai trazer benefícios para o nosso Estado como um todo.
 
 “A Seca, o Canal e o macaco esperto”. Permita-me o autor, o simulacro, até de conteúdo deste singelo artigo, no qual, entre poucas divergências, está o macaco. Trata-se do mesmo macaco? Não sei! O meu é o macaco-prego. Todos viram suas astúcias. Vislumbrei certa semelhança do macaco esperto da leitura, com o macaco-prego, da televisão. Ambos se destacam pela esperteza. Parecem querer sempre enganar. Fingem. São astutos. Eles podem até parecer engraçados, mas, na maioria das vezes, são oportunistas, agressivos e mordem. 
 
*É advogado
 


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