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25/04/2020 às 11h20

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Os benéficos efeitos ecológicos da pandemia

Estrada sem movimento de veículos em Los Angeles


Canais de Veneza mais limpos. O Himalaia visível depois de décadas. Com cerca de 2,6 bilhões de pessoas em quarentena, o impacto humano sobre o ambiente começa a ficar mais visível. Enquanto a pandemia dá uma ideia de como seria a vida com menos poluição — mesmo que de forma temporária e a um custo humano alto —, também está deixando mais claro a escala de uma outra crise que já vinha ocorrendo: a climática.

A pandemia pode provocar uma queda de 6% nas emissões globais de CO2 neste ano, projeta a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Seria a primeira redução anual desde a Segunda Guerra Mundial. Em São Paulo, em três semanas de quarentena, a emissão de carbono caiu em 32% em relação ao mesmo período do ano passado. O mesmo se repete em outras partes do mundo. A China, por exemplo, teve uma queda de 25% em quatro semanas após o Ano Novo Chinês no final de janeiro.

Mas… uma baixa é natural com as paralisações. O crescimento econômico ainda é fortemente ligado às emissões de carbono em escala global. E essa redução ainda está longe de afetar o aumento projetado de 1,5°C de aquecimento até o final do século. Para evitá-lo, as emissões globais precisariam cair 7,6% a cada ano nesta década, segundo o Carbon Brief.

Dificilmente esse cenário se torne realidade. Cada queda nas emissões durante crises desde os anos 60 foram seguidas por um efeito rebote. O colapso de 2008, por exemplo, teve uma queda geral de 1,3% em CO2. Mas pacotes de estímulo econômico resultaram em uma recuperação de 5,1% nas emissões globais em 2010 — muito acima da média de longo prazo.

O efeito rebote já está dando sinais. O número de usinas a carvão aprovadas na China nas três primeiras semanas de março foi superior ao aprovado durante todo o ano de 2019, de acordo com o Global Energy Monitor. O mesmo pode se repetir pelo mundo. Trump prometeu garantir fundos para o setor de petróleo e gás. Enquanto alguns líderes da UE já levantaram a possibilidade de deixar de lado durante a pandemia o Acordo Verde Europeu — um pacote de políticas que obriga os países a zerarem as emissões até 2050.

A paralisação econômica também desacelerou projetos sustentáveis. Uma grande parte de painéis solares, turbinas eólicas e baterias é produzida na China. A BloombergNEF já rebaixou suas expectativas para 2020 nos mercados de energia solar, bateria e veículos elétricos. E se os preços do petróleo continuarem baixos, também pode ser uma má notícia para o clima. A energia mais barata geralmente leva os consumidores a usá-la com menos eficiência.

Pois é… o coronavírus chegou exatamente quando o movimento climático parecia estar ganhando força. Em 2019, o Reino Unido e a França definiram metas para zerar suas emissões. Greta Thunberg criou um movimento mundial e diversos bancos começaram a falar sobre sustentabilidade nos seus investimentos. Mas a paralisação deixou esse tema de lado e parou inclusive as pesquisas climáticas. Os vôos de pesquisa para o Ártico foram interrompidos e o trabalhos de campo ao redor do mundo foram cancelados.

Mas pode ter efeitos positivos. Alguns especialistas acreditam que os novos comportamentos durante a pandemia podem se tornar definitivos, mesmo que em escalas menores. Viagens de trabalho para apenas uma reunião podem ter ficado no passado depois do boom das videoconferências. Um estudo de 2018 na Suíça, por exemplo, descobriu que quando as pessoas não podiam dirigir e recebiam acesso gratuito à bicicletas elétricas, elas dirigiam muito menos quando finalmente recuperavam o carro.

E... para enfrentar a Covid-19, os cientistas têm compartilhado e publicado descobertas em níveis recordes. Para Bill Gates, se esse tipo de trabalho global continuar, poderá acelerar a ação ambiental coletiva.


Com informações de Valor, Carbon Brief, CNBC, New York Times, Finacial Times, BBC e outras editorias internacionais


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