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14/10/2019 às 10h48

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Além do Rosa, além dos exames

Por Maria Eduarda Melo, Ana Cristina Pinho, Mônica de Assis *

Desde que começou a ser celebrado no Brasil, o Outubro Rosa tem sido associado a mensagens-chave, entre as quais a realização de mamografias de rastreamento, isto é, aquelas feitas de rotina em mulheres sem sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama.


Sob o apelo que uniu marketing social, sociedades médicas e mercado, o Outubro Rosa vem difundindo mensagens nem sempre apoiadas nas melhores evidências científicas. Uma delas é a ênfase na mamografia para a detecção precoce do câncer de mama, estendendo seu uso a mulheres mais jovens para as quais há mais riscos envolvidos e incerteza quanto aos benefícios.


Com base em rigorosa revisão, o Ministério da Saúde recomenda que a mamografia de rastreamento seja feita por mulheres de 50 a 69 anos, a cada dois anos. Essa recomendação é a mesma da Organização Mundial da Saúde e dos países que fazem rastreamento mamográfico. Esses países utilizam estratégias comunicativas para informar as mulheres sobre benefícios e riscos envolvidos e ressaltam o direito da mulher à decisão informada sobre o exame.
Enquanto se apela a exames de modo pouco criterioso, pouco se fala sobre a prevenção primária do câncer de mama. Apesar de limitada, já que não se pode mudar aspectos genéticos e da história reprodutiva da mulher, há sim uma margem de prevenção.


 Prevenir significa reduzir a exposição aos fatores modificáveis que elevam o risco da doença, tais como excesso de peso corporal, particularmente após a menopausa, consumo de bebida alcoólica e terapia de reposição hormonal.
No Brasil, cerca de um em cada sete casos de câncer de mama na pós-menopausa pode ser atribuído ao excesso de gordura corporal. Estima-se que é possível evitar 28% dos casos com alimentação saudável, atividade física e peso corporal adequado. A amamentação é também fator protetor e deve ser estimulada. A reposição hormonal, quando indicada para os sintomas da menopausa, deve ser feita sob rigoroso acompanhamento médico.


A mulher continua a ter papel fundamental na descoberta do câncer de mama, mesmo quando é amplo o acesso à mamografia. Por isso se estimula que a mulher observe suas mamas no dia a dia, sem técnica específica de autoexame, e fique atenta à presença de nódulo fixo e geralmente indolor, alterações na pele e no mamilo, pequenos nódulos nas axilas ou pescoço e saída de líquido anormal das mamas.


A mulher informada é parte do enfrentamento do câncer de mama. A maior consciência sobre esse problema em suas várias dimensões, e o suporte das políticas públicas de saúde, devem estar na pauta da mobilização permanente, incluindo, mas transcendendo a realização de exames.

*MARIA EDUARDA MELO, nutricionista do Instituto Nacional do Câncer (Inca)  

*ANA CRISTINA PINHO, diretora-geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca)  

* MÔNICA DE ASSIS, sanitarista do Instituto Nacional do Câncer (Inca) 
 


*Publicado originalmente na edição 33 da revista Painel Alagoas


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