Por Carlito Lima*
Carnaval é a maior manifestação popular da cultura brasileira. Entretanto não é uma invenção brasileira, nem é celebrado apenas no Brasil. A História do Carnaval remonta à Antiguidade na Mesopotâmia e ao Renascimento na Itália.
Uma das festas da antiguidade, precisamente na Babilônia, que deu origem ao Carnaval, foram as “Saceias”, onde o prisioneiro assumia durante alguns dias a figura do rei, vestindo-se como rei, alimentando-se como rei e dormindo com as mulheres do rei. Finalmente, o prisioneiro era chicoteado e depois enforcado.
Durante o Renascimento surgiram os teatros improvisados e desfiles de fantasias que se tornaram populares. Em Florença, houve uma efervescência de músicas acompanhando os desfiles de fantasias, com os artistas em cima de carros decorados. Em Roma e Veneza, os participantes usavam pelerine com capuz negro que encobria a cabeça e uma máscara branca.
A história do Carnaval no Brasil começa no período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo; festa de origem portuguesa que na colônia era praticada pelos escravos. Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos e as escolas de samba. Afoxés, frevos e maracatus também passaram a fazer parte da tradição cultural carnavalesca brasileira. Marchinhas, sambas e outros gêneros musicais também foram incorporados à maior manifestação cultural do Brasil.
O carnaval em Maceió, no meu tempo de juventude, era organizado e o maceioense brincava os quatro dias nas ruas e nos clubes. A Prefeitura de Maceió constituía a COC, Comissão Organizadora do Carnaval, composta de jornalistas, artistas, carnavalescos que traçavam a programação do carnaval de rua da cidade. O Carnaval nas ruas de Maceió iniciava 15 dias antes com a Maratona Carnavalesca na Rua do Comércio, tendo uma orquestra de frevo em cada esquina e o corso rolando. Toda noite o Centro da cidade se enchia de foliões e os apreciadores de carnaval que ficavam assistindo da calçada o povo dançar e se esbaldar.
No domingo anterior ao carnaval, era vez do Banho de Mar à Fantasia pela manhã na Avenida da Paz. Com concurso de Blocos de Frevo levando uma multidão, troças, críticas e Escolas de Samba.
No primeiro sábado de janeiro acontecia o Baile de Máscaras do Clube Fênix Alagoana, com concurso de fantasia individual e de grupo. Logo em seguida vinham as Prévias Carnavalescas em todos os sábados nos diversos clubes: “Preto e Branco”, “Baile do Hawai”, “Baile Tricolor”. Durante os dias de Carnaval, Maceió se enchia de alegria com Blocos de Frevos na rua e bailes nos clubes.
A modernidade financeira hoje dá um imenso valor à Economia Criativa, que tem como matéria prima, a inteligência e a criatividade humana, recursos que tendem ao infinito. Sendo assim, a Economia Criativa pode ser considerada revolucionária.
O Carnaval é considerado o mais eficiente exemplo da Economia Criativa. O Carnaval tem um trabalho gigantesco e fascinante com a inteligência e a criatividade.
Nos desfiles carnavalescos de blocos, escolas de samba, maracatu, estão presentes muitos atores da Economia Criativa: na música, a inspiração e a criatividade dos compositores, além dos cantores, puxadores de blocos, instrumentalistas e o povo que compra os CDs com as letras das músicas de carnaval; nas artes visuais, artes cênicas e dança, é um encantador desfile com muita criatividade e bom gosto de designers, coreógrafos, estilistas, figurinistas, roteiristas, costureiros, maquiadores, artesãos, bailarinos e passistas.
Também tem papel relevante a preparação do Carnaval e a execução dos serviços, dos publicitários, decoradores, gráficos, os profissionais de rádio e TV, os chefs de cozinha e a cadeia turística, envolvendo o transporte, hospedagem, alimentação e entretenimento. Beneficiando-se de turistas que acorrem às principais localidades com atrações carnavalescas.
Em resumo, o Carnaval, pode ser uma grande fonte de renda, sabendo investir. Em Salvador um economista calculou, comprovadamente, que para cada R$ 1,00 investido no Carnaval há um retorno indireto de R$ 3,00. Os principais beneficiados são os pequenos comerciantes, ambulantes, taxistas, músicos, toda rede de turismo. Que beleza, a cultura e arte, nossa riqueza, ser autossustentável, com uma ajudinha do governo.No alto de meus 79 anos estarei em Maceió nesse Carnaval, apreciando e dançando no Polo Orla, entre os 7 Coqueiros e o Alagoinha, onde haverá Carnaval, com Blocos, Escolas de Samba, Bois, todos os dias das 14:00 às 23:00 horas, do sábado de Zé Pereira até a quarta-feira ingrata que chega tão depressa só para contrariar.
Publicado originalmente na edição 25 da revista Painel Alagoas