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16/07/2018 às 15h36

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A dita mole na alma dos outros é refresco


Ênio Lins

Nos últimos tempos, grassam lições profundas de analfabetis­mo político casadas com explí­citas defesas de algo que deveria envergonhar gente de todas as idades e classes sociais.

“Justificados”, princi­pal­mente, como remédio contra o roubo de recursos públicos têm vindo à tona declarações efusivas do tipo “saudades da ditadura”, “inter­ven­ção militar já” e coices do tipo.

Quando esses miasmas come­ça­ram, ainda timidamente, a serem expelidos dos brejos (especial­mente) da classe média, um PM postou a frase “Pela volta do regime militar já!” sob uma foto de colegas oficiais cujas proe­minentes barrigas, com botões amea­çando romper as casas das fardas, cintos estufados pelas panças, numa demonstração ulu­lante de bom humor e cidadania.

Não demorou para o humorismo da caserna ceder lugar ao terrorismo oral de uma ruidosa parcela civil. Da comédia à tragédia quanto tempo será necessário?

A ignorância de boa parte dessa barulhenta militância se ali­menta da crença de que sob o regime imposto entre 1964 e 1984 a corrupção teria sido varrida do Brasil. É o principal pilar dessa corrente. Erro crasso. 

A corrupção vadiou nas duas décadas da “Redentora”. É ver­dade que denúncias de rouba­lheira não apareciam nas man­chetes e, em seu lugar, se liam receitas de bolos (!). Publicar receitas e versos de Camões no lugar dos escândalos era uma das formas de protesto. A corrupção e os corruptos estavam prote­gidos pelo silêncio forçado pela censura à imprensa.

O insuspeito (para os coxinhas) UOL, pertencente ao grupo Folha de São Paulo, publicou em 1/4/2015 um resumo inte­ressante, apesar de tímido: “Dez escândalos de corrupção durante a ditadura militar”. A matéria listou o seguinte decálogo: Con­trabando na Polícia do Exército; A vida dupla do delegado Fleury; Roubalheira dos governadores biônicos; O caso Lutfalla; Mor­domias do regime militar; Caso Camargo Correia; Comissões da General Eletric; General Newton Cruz & Caso Capemi; Coroa-Brastel; Escândalo Delfin.

Mas a reportagem poderia listar 100, mil... a censura escondia toda a bandidagem feita pelos in­tegrantes das gangues econô­micas e políticas.

A BBC Brasil divulgou, em 2016, matéria sobre a corrupção das grandes empreiteiras durante o regime militar. Poderia ter falado mais sobre a cascata de dinheiro desviado com a construção de Itaipu binacional (obra super­visionada diretamente pelos militares brasileiros e paragua­ios). Em termos da Petrobras, poder-se-ia alguém lembrar dos casos onde a estatal foi presidida por generais, como Araken de Oliveira, nos idos de 1977...

Em resumo: sem falar dos crimes de tortura, prisões ilegais, entrega das riquezas nacionais... se ficarmos apenas no item “corrupção”, veremos que a histeria de quem leva às ruas os relinchos pela volta de uma ditadura militar e/ou civil como solução ética é urro de seres desinformados e/ou mentirosos deslavados. Um urrar muito perigoso, reconheçamos.

*É jornalista, chargista, e Secretário de Comunicação do Estado de Alagoas

*Publicado na página Opinião da edição 18 da revista Painel Alagoas


Fonte: Painel Alagoas


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