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28/09/2016 às 00h06

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Como diria Carlos Imperial, Fagundes é "10, nota 10!"

Reprodução/Globo

Aconteça o que acontecer nos capítulos finais de Velho Chico, dificilmente superará em emoção, direção e interpretações que aconteceram no capítulo de hoje

Não sou de assistir novelas, mas os poucos capítulos de Velho Chico que assisti me chamaram a atenção pela linguagem diferenciada, planos de filmagem, maquiagem "carregada' nos atores e cenários( via computação gráfica). Uma novela passada na TV com linguagem de cinema. Não lembro de nada parecido em termos de novela. Alguns poderiam citar Pantanal ou Mandacarú exibidas pela Rede Manchete , mas lembro que nessas produções os textos eram  muito "folhetinescos" e as tomadas externas eram extremamente longas, muitas vezes enjoando , apesar da beleza  e riqueza visual daquelas produções. 

A morte de Domingos Montagner, um dos principais personagens da trama, me fez voltar a "passar os olhos" na atração global. Fiquei curioso de como a direção "iria se virar" para cobrir a falta de "Santo" na reta final da história. E uma vez mais a Globo inovou, "dando vida" ao personagem morto ,através do enquadramento interativo da câmera, com os demais atores que contracenariam com o personagem de Montagner no roteiro original. Muita gente pode não ter entendido, mas para quem entendeu foi interessante e, em alguns momentos, emocionante.

Mas a grande surpresa que a novela reservava na reta final creio ter sido exibida no capítulo de hoje , terça-feira 27 (não sei o que pode ainda acontecer nos 3 capítulos que faltam). As sequências com os personagens Martin e Afrânio foram magistralmente dirigidas com interpretações admiráveis. 

Nunca tinha visto ou ouvido falar no ator Lee Taylor que interpretou Martin. Grande ator. Num cenário como sempre naturalmente impecável, o desenrolar sobre o destino do personagem foi sereno e sutil, apesar da interpretação do ator ser carregada de forte emoção (como exigia, certamente o roteiro). Tenho certeza que muitos espectadores devem ter sido pegos de surpresa com a "revelação de morte" do personagem.

Sequenciando a morte de Martin, o personagem Afrânio entrou em cena. Num cenário de beleza exuberante que misturava as águas do Velho Chico e areais desertos (teriam sido essas cenas gravadas lá no povoado do Pixaim no município alagoano de Piaçabuçu?) o personagem contracena com ele mesmo, ora mais jovem, ora mais velho ( sem a peruca do "saruê"), à procura de respostas que a vida nunca lhe trouxe. Com o desespero pela a possibilidade da perda real de um filho que sempre amou, mas nunca teve capacidade de demonstrar tamanho afeto, Afrânio entra em colapso emocional e já não consegue diferenciar o real do virtual, e na desesperada busca enxerga improváveis desfechos para sua relação com o  filho . Numa sequência que induzia o encontro (que não aconteceu) entra em cena a trilha sonora com  o grande Renato Russo interpretando "Monte Castelo". 

As cenas são fortes, muito bem dirigidas(confesso que não sei quem é o diretor da novela) e a edição impecável desde as pesadas pegadas do personagem na "desértica areia" , ao bater furioso do "cajado" na gigantesca torre no meio do nada. O destempero e o desespero do personagem impressionam e , principalmente, emocionam. São passados magistralmente na interpretação  irretocável desse monstro, gigante, doutor e professor da arte de ser  ATOR (com maiúsculas), Antônio Fagundes.



Etcetera por Ricardo Leal

Publicitário, radialista, poeta e escritor. Carioca, radicado em Alagoas desde 2002, trabalhou em diversas campanhas eleitorais no estado. Foi diretor da Organização Arnon de Melo (OAM) e do Instituto Zumbi dos Palmares (IZP).  CEO - Press Comunicações Diretor/Editor - Revista Painel Alagoas  Editor - Coluna Etcetera (impressa e digital)

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